terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cegos somos todos

Li-o em 3 ou 4 noites. Para quem conhece Saramago a escrita do Ensaio sobre a Cegueira é aquela mesma: densa, repetitiva, vozes e pensamentos a cruzarem-se, mais aquilo que poderia ser e não é, mais o que supostamente pensamos que é mas afinal não é.
A história não a vou contar. Mas imaginem que estão na escola e por uma epidemia inexplicável todos de repente ficamos cegos. E que por protecção da cidade e do país temos de ficar internados ali na escola para não pegar a doença aos outros. Já imaginaram as piores imundices e as maiores barbaridades? Já imaginaram do que seríamos capazes ao fim de várias semanas ou meses por fome, por desespero, por instinto de poder? Não imaginam, não. E quando aqueles que nos trazem de comer deixam de o fazer porque ficaram cegos também e todos os habitantes da cidade ficaram cegos?
Os olhos serão mesmo o garante da nossa civilização? Experimentem fechar os olhos ou pôr uma venda durante um dia. Não aguentávamos. Vem aí o filme. O livro já aí está. O perigo está aí. Cuidado.
Joaquim Igreja

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